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Você quer o Amor. Eles querem a paz. Quando se é o excluído.


Você quer o Amor. Eles querem a paz. Quando se é o excluído. Muitas vezes, pais se perguntam por que essa criança se comporta assim, por que é diferente, por que contesta o que é conhecido, óbvio e seguro pra essa família? A sensação que o filho tem nesse ambiente então, é de um proscrito. Biologicamente combina com sua família, mas pra ele é superficial demais essa sensação de fazer parte, e enquanto isso, sua alma percorre os olhos em busca dos seus iguais. Hellinger afirma que recebemos os pais certos, que não há outros. No entanto, “devido a esses pais específicos também nos sentimos limitados”. Faltam-nos possibilidades. Mas é exatamente através desses pais que temos certas capacidades e possibilidades. Por isso, “certifique-se de perder menos tempo com aquilo que eles não lhe deram e de dedicar mais tempo à procura das pessoas com quem você se sinta bem.” O filho não adequado sofre com o escárnio, negligência ou as repetidas tentativas de trazê-lo a realidade segura que a família vive. Esse cuidado se torna exagerado quando a família tem uma fantasia de como devam ser suas crianças. E, enquanto você quer a alegria. Eles querem a certeza. Enquanto você quer o Amor. Eles querem a paz. Ou, enquanto você quer o silêncio, eles querem as gargalhadas. A pressão para o filho se adequar o faz recuar para um ambiente íntimo de rebeldia ou timidez. Assim como na história do patinho feio, quando foi banido, ele inicia uma jornada, vagueando até encontrar o que precisa. Na tentativa de abrandar seu isolamento inadvertidamente reincidi nas pessoas e lugares errados pra ele. Elas lhe causam um mal pois sua ferida original está vulnerável e exposta. Ele se pergunta: por que comigo? Mas se tem uma qualidade que nosso herói, o patinho feio demonstra, é a persistência. Ele é movido pra frente. Como se sua alma já conhecesse o lugar a que chegaria na sua busca. Nossa alma sempre nos força a irmos aos nossos encontros espirituais verdadeiros, a parte instintiva, intrapsiquica não sossega (ou ao menos incomoda bem) enquanto não encontramos a nossa turma, o nosso bando espiritual. No entanto, se nessa busca nosso coração se sente comprimido por não poder expressar francamente nosso amor aos nossos pais, não estamos inteiros pra outros encontros. Se existem desafios suficientes que me impedem de chegar aos meus pais, como grandes expectativas, lutos, fracassos pessoais, eu posso escolher olhar para um outro amor. Não este que está submetido, vinculado ao enredo de cobrança, as inevitáveis comparações de que os pais dos outros seriam melhores, a vergonha ou culpa que só nos leva para repetidas discussões ou a um silêncio doméstico. Acima de tudo isso há um outro amor. Não tanto um amor sublimado. Mas um amor experimentado. Ele sabe que assim como um filho pode se sentir excluído, um pai pode estar angustiadamente tentando se aproximar do filho afastado. Que lhe falta como pai entendimento. Ele não sabe como fazer diferente. Não tem potência pra se colocar de outra forma pra esse filho. Até mesmo admira essa personalidade desafiante do filho. Quando não, história conhecida, esse pai também traz como filho o sentimento de excluído. Então, sempre se tratou do Amor querendo ficar. Podemos deixar a tramela aberta pro outro entrar, puxar a cadeira e tentarmos começar algo de um jeito diferente entre nós. Posso dar também o primeiro passo, afinal o que mais fazemos em relacionamentos com conflito é perder tempo, nos isolando na nossa ilha de convicções, que rendem horas de desabafo a um amigo ou a um terapeuta. Saber que toda dor é legitima. A minha e a dos meus pais. Interessante, como muitos de nós, após anos da morte de um dos pais com quem tínhamos conflito, reconhecemos, finalmente, algo de essencial neles. E nos reconectamos de um jeito novo a eles. Quando o patinho feio finalmente se rendeu a seu destino, a inevitável condição de diferente, ele foi encontrado pelos seus iguais. Não tanto uma resignação, mas a incorporação da própria história é que trouxe o movimento para o próximo estágio. Nem pato, nem cisne, não é disso que se trata. E sim reconhecer ou conhecer meu ser verdadeiro, a minha identidade. E nessa jornada, eu tenho os pais certos como ferramentas pra minha forja. Também preciso reconhecer que, como individualidade trago algo só meu, uma história própria, nenhum pai pode tocar. E finalmente, saber que o cisne sempre estará lá, esperando sua deixa. Texto de Rita Paula Tyminski Livremente inspirado no livro Mulheres que correm com lobos da maravilhosa Clarissa Pinkola Estés, e no livro Olhando para a alma das crianças do querido Bert Hellinger.

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