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A despedida e o encontro definitivos


Duas coisas estavam acontecendo no momento em que essa foto foi tirada. Uma, eu estava sendo levada para longe da minha mãe, definitivamente. Outra, eu estava indo ao encontro de outra mãe, definitivamente. Não tinha consciência de nenhum desses movimentos externos. No entanto, revendo hoje essa foto, percebo, que eu sabia que estava diante da margem de um rio, e que iria atravessá-lo. Eu sabia do meu destino, e eu estava realmente feliz como mostra a foto. Acontece uma atração magnética entre você e as exatas experiências que se mostram necessárias para seu crescimento. Me lembro que eu estava com um vestidinho azul e um imenso coração vermelho costurado na frente, representando aquilo que minha alma ainda não havia conseguido viver no amor e na aceitação em experiências passadas ou de outras dimensões. A mão esquerda indicava que eu sabia o que ficava para trás, mesmo que eu só reconhecesse isso muitos anos depois. A mão direita, segurava firme na alça do painel, me apossando do futuro. Futuros pais. Por conta dos primeiros pai


s e dos segundos, acumulei feridas. Daquelas que guardamos num local seguro e zelamos por não esquece-las. Passado o risco de não sobreviver a elas, podemos também abrir mão dos subterfúgios que usamos para suportar as feridas, as máscaras. O amor resolve. Na medida que ele é uma experiência, que só existe no trato com o outro. Revoltar-se e ressentir-se com os pais, dar nome ao que viveu, rejeição, abandono, injustiça, humilhação ou traição. Permitir-se reconhecer que você também magoou ou feriu. Aceitar. Nenhuma transformação é possível sem aceitação. Se permita trair, rejeitar, abandonar. Reconheça a humanidade nesses comportamentos. Quanto mais se permitir, menos o fará e menos sofrerá ações assim. Aqui entra finalmente a responsabilidade. Eu por mim. Na foto, vê-se uma larga estrada a frente. Podemos a qualquer tempo retificar aquilo que nos foi feito. Eu me maternalizo, decido que tenho aquilo que preciso; eu me paternalizo, decido experimentar fazer de um jeito muito singular. Chegamos a autonomia afetiva. É a capacidade (conquistada) de saber o que queremos, e de empreender ações necessárias para realizar, e se precisarmos de ajuda, também sabermos pedi-la. É a cura. E como fazemos isso? Com um sorriso.

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