Em uma família, as crianças e os cães sabem tudo sempre e, mais ainda, o que não se diz.

Estudando a brilhante Anne Ancelin (da Psicogenealogia) me deparei com esta frase:

" Em uma família, as crianças e os cães sabem tudo sempre e, mais ainda, o que não se diz."

Como que a criança fosse a detentora no seu coração e no seu corpo, de um não-dito, que se tornou um segredo familiar, uma tristeza indizível, por um familiar excluído por assassinato, morte precoce, por um amor não realizado, por ciúmes, ou ainda incesto, filhos não reconhecidos...

Como que o segredo inconfessável do outro encontrasse jazigo na criança, descendente.

E nela se manifestasse, como uma visita, por meio de um sintoma, de um comportamento extravagante, de uma agitação verbal.

Tenso isso, não?

Em geral nas Constelações, nas terapias transgeracionais esta dinâmica vem a tona, e aqui se tem a possibilidade de se reconhecer a história da família no seu CONTEXTO VERDADEIRO, e

LIBERAR a criança, o filho, o neto "portador do fantasma" , podendo se DESIDENTIFICAR, se DIFERENCIAR do seu ancestral ou do excluído, experimentando alívio desta trama do destino.

Muitas vezes, a criança experimenta essa identificação com os NÃO-DITOS patogênicos de seus pais, não porque mantém a criança em várias ignorâncias, mas porque elas entram em contato com a insuperável, inalcançável ansiedade dos pais no tocante aquilo que ocultam.

E essa situação os retém na dor dos pais, e faz com que, por uma lealdade instintiva, os queiram salvar.

Aqui vale os pais olharem para seus fantasmas emocionais, compreenderem os contextos de suas dores e dar novo sentido a sua história, curando a sua ferida.

E, por economia sistêmica, como gosto de dizer, essa repetição não segue aos filhos pela lealdade. Isso se trata de consciência e ressignificação da dor.

E tem como efeito máximo a DIFERENCIAÇÃO do filho da dor dos pais.

Rita Paula Tyminski

Constelação familiar para a Vida

São Paulo, Londrina e Palhoça.