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Amor paciente


AMOR PACIENTE

Muitas vezes, quando meus filhos eram pequenos, não suportava ver a dor ou a contrariedade deles, parte de mim queria privá-los de sofrer, outra parte sabia ser necessário essa travessia. Atravessar o portal, ENcarnar nessa família, nesse corpo, nessa vida, no prazer e na alegria e na inevitável dor de tornar-se humano.

Um dia percebi que curava minha própria criança ferida quando cuidava de meus filhos e subestimava a angústia que por vezes eles demonstravam: "Por que você sofre tanto, você não teve nenhuma experiência que te desafiasse tanto assim?"

Que prepotência a minha. Todo anseio de nosso corpo, todas necessidades expressadas por ele, SÃO MOVIMENTOS DA NOSSA ALMA. E pela alma estamos conectados a outras pessoas, a nossa família.

Muitas vezes, na alma de criança está o depositário de uma grande dor da sua família, de um segredo inaudito transmutado num amor cego que o corpo evidencia em sintomas sem palavras.

Então, uma forma de acolher a dor de meus filhos, foi olhar pra minha própria dor. O tal do autoconhecimento. E que caminho desafiante! Tantas vezes, acatar a verborréia de diagnósticos que dão às crianças nos desloca e nos anestesia da tarefa de buscar uma consciência que explica além do que é aparente, além da realidade óbvia.

Não há uma fórmula, eu não tenho uma receita.

Certas situações familiares tem uma tal dificuldade que precisamos ser resistentes nesse caminho além do óbvio. Porque vão levar tempo até chegarem a uma mudança.

Por vezes, contrariar opiniões amorosas dentro da família. Às vezes, sentar na beira do colchão e chorar a impotência de não saber como fazer. Outras, não corrigir, não consertar, não ter opinião do filho. Deixá-lo. E em outras, ainda, ser a mão firme do Não. Portador da frustração e do estraga prazeres. E, sim, dizer ao filho: "Me desculpe, exagerei com você."

Quando ceder e quando tomar ação perante um filho? Um exercício. De Amor.

E hoje, sei, por um tempo sábio que muito me ensinou que o amor silencioso é uma forte forma de amar. Quando eu tenho a intuição sobre o outro. Um insight. Eu o reservo. Por respeito. Assim como ensina Bert Hellinger este insight reservado atua mais poderosamente no outro porque o respeita, e chega nele num outro movimento. Num movimento de Amor do Espírito . E, então, no tempo dele, no tempo que cada filho pulsa, ele atuará por ação própria.

Em certas fases, quando não compreendo porque o filho quer ficar sozinho, não quer falar e se irrita com a minha presença, me dou conta que o tempo passa, a irritação passa, o bode desamarra. Nós pais somos um terreno do exercício de crescer, de ir pra vida de nossos filhos. É um segundo nascimento, como o próprio Bert Hellinger afirmava. Haja bom humor, leveza e paciência, de ambas as partes.

Os filhos, como o fluxo de vida que os trouxe a nós, seguem adiante. Nos levam inteiros dentro deles. Só isso os pode fortalecer. Nós seguimos com eles por um tempo, depois como uma criança que experimenta os primeiros passos, recuamos e os liberamos para a própria e desafiante jornada.

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Autora Rita Paula Tyminski

Constelar é viver

São Paulo

Londrina

Palhoça

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