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A mãe brasileira entrega demais a seus filhos?


Estive recentemente nos Dias Internacionais Hellinger, na Alemanha, e presenciei um grupo de mulheres de vários países, no palco, recebidas por Sophie Hellinger, e observava o desafio do relacionamento das mulheres chinesas com suas mães. por conta da timidez, vinda do desestímulo, talvez cultural, em mostrar suas emoções e sentimentos umas a outras.

No entanto, quando mulheres brasileiras, revelaram no palco, sua fragilidade emocional diante de suas mães, é que me veio à consciência o reconhecimento, de que, por um lado, somos nós brasileiros conhecidos por nossa efusividade na comunicação, ou seja, facilidade em falar, em se expressar. No entanto, por outro lado, tendemos a falar demais, repetir demais, pedir demais e entregar demais.

Sophie disse as participantes: - A mãe brasileira é assim, dá demais a seus filhos?

Sim. Temos por nossa dramaticidade latina, por nossos costumes familiares, por nossa própria carência a tendência a exagerar na doação a nossos filhos.

Por certo, os filhos recebem dos pais, desde a concepção, a vida, e continuam a receber, seja moralmente, seja materialmente ou financeiramente, afinal, estamos em pé, alimentados, educados, para melhor ou pior, recebemos o suficiente.

No entanto, a definição de suficiente se torna muito elástica para a maioria de nós mães - brasileiras - ( e desde já me incluo!), tememos que não seja suficientemente bom o que tenhamos entregado aos nossos filhos, e continuamos a dar.

Nomeamos a nossos rebentos de príncipes e princesas, concedemos a eles os artigos mais caros possíveis - como um celular que nos custa, as vezes, mais que um salário do mês - tudo bem podemos parcelar! Nos fazemos súditos, orgulhosos de podermos dar aquilo que muitos de nossos pais não puderam nos dar. Ótima escola, boas roupas, a viagem ao exterior.

Isso também pode estar traduzindo nosso progresso, ou mesmo nossa nova consciência de que, vale muito investir nesses jovens, para que de fato cheguem a boas realizações.

Mas não é exatamente a isso a que Sophie se referiu.

Uma mãe que entrega em demasia a seu filho, ainda pede algo de seus pais.

Não está inteira em seu lugar de mãe. Lugar, ás vezes ingrato, que nos exige maturidade, que nos pede o NÃO, que nos faz sentirmos sozinhas quando não recebemos o sorriso de aprovação de um filho.

Requer de nós, muitas vezes, um desforço em sermos as grandes. Mas nós somos as grandes! Sempre digo, que se eu vim antes que meus filhos, é porque cabe a mim educá-los. É a minha tarefa.

Cabe a mim também, acatar meus pais, de uma vez por todas, da forma que são, com o que me deram.

Só assim, introjeto em mim a ideia de SUFICIENTE. E isso me torna forte. E o temor de que esteja dando pouco a meus filhos se reduz. Afinal, não se pode acertar sempre com eles, graças a Deus! Senão estamos fadados a ver adultos cada vez menos RESILIENTES, egoicos nas suas decisões, e que tendem a viver relacionamentos líquidos - que não duram.

Ainda na Alemanha, tive uma interessante conversa com uma colega que estava na cidade com seu filho pequeno, ela me disse que estava assombrada com o comportamento do pequeno nos parques e passeios, sempre pedindo, teimando, emburrando, enquanto as crianças alemães, na maioria, se entretinham facilmente com suas brincadeiras. Minha amiga disse que esse também é o comportamento do filho no Brasil, em várias ocasiões. Disse que compreendeu que é ela e os familiares que super estimulam a criança e o mimam em demasia. E que agora, via como equívoco, um exagero, não mais como algo natural essa postura . Concordei com ela. Também agi assim.

Não precisamos também pisar em ovos quando o assunto é educar nossos filhos. Acredito que é mais simples do que pareça, que não precisemos exercer tanta influência por tanto tempo em nossos filhos, e que a maturação deles já se inicie, desde cedo, na responsabilização por pequenas decisões ou por suas falhas. Com menos mimimi.

E, que sejamos, nós mães, cada vez mais, e que nos custe o esforço que for, coadjuvantes, observadoras, menos julgadoras, menos implacáveis em nossas opiniões, e que, sim, estejamos alí, quando o filho vier, nos pedindo um abraço, um olhar, uma frase.

Cientes que entregamos muito. Disponíveis a que nossos filhos também nos retribuam.

A autora

Rita Paula Tyminski Xavier

Facilitadora em Constelação Familiar em São Paulo e em Londrina - Pr

youtube - Paula Tyminski

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