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O inevitável talento humano



Domingo, o dia amanheceu chuvoso. Para a tarde, já havia me determinado a ir ao cinema ver o filme: João, o maestro.

Como que num prenúncio ao presente que receberia , ouvi, no youtube uma aula do professor João Calabrez - Sucesso não é fruto de talento. A compreensão desta assertiva, eu traria após assistir a esse emocionante filme.

Acomodada na sala de cinema, tal qual num concerto que nos envolve desde nos primeiros acordes, fui conduzida pelas imagens do filme, com suas descrições sensoriais do ambiente e do universo psicológico do pequeno João, menino prodígio, de uma sensibilidade absoluta nos tímpanos e na ponta dos dedos.

Como em muitas outras biografias de superação, a do Maestro João Carlos Martins, convida a quebra de algum novo paradigma que a mente humana insiste em alimentar quando se trata de estabelecer os limites para as realizações humanas.

Uma alma virtuosa, alimentada por uma obstinação obcecada, e aqui apenas o pleonasmo das palavras para tentar, infantilmente, descrever a voracidade na alma desse homem em trazer, a exaustão e a perfeição as peças para piano das grandes obras como as de Bach, estas na sua totalidade!

Quando se vê a um filme como esse se tem um reconhecimento na alma, da essência profunda do humano. Como que uma visão borrada, tal qual no Mito da Caverna de Platão, no qual a realidade se projeta na parede, nos tornando um pouco mais conscientes, mas ainda retidos numa torpe concepção do que é, afinal, o estado de plenitude da fonte que sustenta essa mesma humanidade.

E o que esse passeio em palavras filosóficas teriam em comum com as Constelações Familiares?

Tudo.

O menino João Carlos é um buscador,

Tanto o virtuoso, bem como o considerado desgraçado numa família serão sempre buscadores. São os que trazem o movimento para o novo.

E ambos precisam de ajuda.

João Carlos teve na figura do pai, seu mais acirrado colaborador. Ele mesmo um autodidata no conhecimento das inúmeras obras clássicas. Como todo aquele que vem como o propulsor de uma alma virtuosa, ele agiu com firmeza, ao reconhecer o talento no filho. Firmeza mesmo espartana, ao qual, penso, todo talento voluptuoso, submetido a essa disciplina, eclode num assombroso transbordo das linhas do "possível" - vinte notas por segundo!!

E quanto ao desgraçado? Também há nele o movimento, um tanto desnorteado, mas objetivando também o novo, - e aqui cabe a etimologia da palavra - desgraçado é o sem sorte, o que se encontra em desgraça, desventurado, porém, há uma outra significação para desgraçado - de caráter extraordinário, que é excepcional, danado, talento desgraçado.

É sso, o desgraçado carrega em si, também um talento. Porém, inábil. Ainda. É a pedra bruta que traz a preciosidade inconsciente latente dentro de si.

O desventurado também precisa de um propulsor para revelar o talento embotado em si mesmo. Assim como o virtuoso, ambos fazem parte de uma trama, que traduz o desenho genealógico dos membros atuais e passados de uma família, suas mazelas e vitórias, sua generosidade e injustiças; e ambos denunciam quando um ponto, um fio dessa trama se soltou, quando algo se desconectou. Ou quando algo necessita vir a tona, dar vasão. Cumprir um destino.

Quantas vezes, uma genialidade não extravasada e direcionada se precipita numa enfermidade psíquica?

O ovelha negra, o danado, em seus comportamentos, aponta muitas vezes para a necessidade de quebra de paradigmas morais da família, como que dizendo que o discurso da cartilha de valores da família, já teve sua atuação, necessária é clara, pois afinal é o que fez com que sobrevivessem até aqui, contudo pode ser agora oxigenada, revisitada.

O danado também pertence. E é ele a chave que desvela o que se oculta, ou mesmo que está sob nossos olhos e não percebemos. Um convite ao autoconhecimento, sempre.

O maestro João, incansável, tornou sua virtuosidade obsessiva, seu talento bestial em uma obra palpável, de persuasão. Uma missão. E aí nas palavras do prof. Calabrez, sucesso não é fruto do talento. Ou, não só de talento.

Em geral, internalizamos o fracasso, muito cedo, generalizando o sentimento de que não somos capazes.

Novamente, recorrendo ao significado das palavras, talento é uma aptidão invulgar - natural ou adquirida. Isso nos abre a proposição que é da natureza do homem a virtuosidade, a inafastável habilidade no ser humano de suplantar limites e realizar o pleno. Seja ele na música, no esporte, na educação, numa cozinha, num trabalho manual, num relacionamento, na dança, ou na palavra.

E como na parábola dos talentos, onde o terceiro homem enterra seu talento, por considera-lo pouco, nos surpreenderíamos, que se dessa pálida ideia de nos sentirmos pouco agraciados por Deus, descobríssemos que somos em verdade, não o terceiro homem, mas o primeiro homem da parábola, que recebeu mais moedas, mais talento. Pense nisso.

 

citação no post

Professor Pedro Calabrez - Sucesso não é fruto de talento

https://www.youtube.com/watch?v=XBg7KeaEW9I

A autora é formada em Direito - Universidade Estadual de Londrina

Facilitadora em Constelação Familiar em São Paulo/ capital e Londrina/Pr

Pós graduando em Constelações Familiares pela Hellinger Schulle

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