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Contentamento nos relacionamentos. Semelhante alegria não cai do céu.


Pode soar estranho, mas sentimos como uma expulsão do paraíso, a hora do nascimento, recebendo o aviso de despejo, junto dos primeiros sinais de que nosso desligamento da mãe está próximo.

Desde então, buscamos, em maior ou menor intensidade, compensar ou igualar aquela antiga sensação de acolhimento e reconforto do qual fomos deserdados, primeiro junto a mãe mesmo, e depois, nas relações que vão se apresentando ao longo da vida.

Quando adultos é frequente projetarmos, quando não reconhecida e cuidada, nossa carência afetiva no outro parceiro, esperando dele a resposta ao "adivinha o que eu estou sentindo", como quando bebês aguardávamos da mãe uma pronta resposta ao nosso choro.

Na história de Antoine de Saint-Exupèry, o Pequeno Príncipe, é evidente a fatigante tentativa do príncipe em alcançar o equilíbrio no dar e receber na relação com a rosa, que exigia dele cada vez mais e mais atenção, sem quase nenhuma contrapartida (a não ser a sua bela presença) . Fazendo que o príncipe apenas sentisse cada vez mais culpa em não saciar os pedidos da imodesta flor, e a "inocência" fosse um atributo apenas da pequena rosa.

Seja para o pequeno príncipe, seja para nós, amantes, inadvertidamente carentes, todos vivemos o desafio do EQUILÍBRIO DE TROCA - do dar e receber nas relações, almejando que elas sobrevivam e com saúde.


Nós também experimentamos ora a culpa ora a inocência em nossas relações.

Estamos na posição de credores quando damos, e na posição de devedores quando recebemos, pois quando aceitamos, perdemos a inocência e a liberdade, entramos em débito. E o ganho passa a ser uma espécie de culpa.

Então, fácil perceber que estaremos sempre no dilema culpa e inocência em qualquer relação.

Pra complicar um pouco mais o conceito, temos que quando a relação é amorosa ou conjugal, a compensação entre o dar e o receber dos amantes é um pouco mais incrementada. Aquele que recebe, para compensar o outro, lhe oferece um pouco mais do que ganhou, para então se sentir quite com o outro. E o processo retoma do zero, equilibrado. Matemática amorosa é assim.

Mas, a conta não bate nas dinâmicas amorosas, quando sentimos pouca troca afetiva ou efetiva, ou quando um parceiro entregar muito e mesmo quando o outro toma pouco de nós.

Pra entender quando essas situações acontecem, vamos considerar três padrões básicas:


- a ABSTINÊNCIA - se dá quando o parceiro entrega muito pouco. Ele "não entra no jogo". Por isso se considera superior e especial. Não permite sentir, pra não se envolver, não vê necessidade ou melhor não quer sentir a necessidade de amar. E por não sentir a necessidade, e a consequente obrigação, não arrisca, não sofre. Se agarra a ilusão de inocência, minimiza sua participação na vida, e em consequência na relação a dois, não está de corpo presente. Pode-se considerar aqui, o parceiro que não entra de cabeça na relação, procrastinando qualquer decisão que leve ao estreitamento do vínculo amoroso.

É A RECUSA EM ACEITAR O QUE A VIDA OFERECE.

Confortável essa posição? Pode ser, contudo o gozo na vida, pela abstinência, é LIMITADA PELA ESTREITEZA DE SEU ENVOLVIMENTO.

E, no final, sente-se vazio e insatisfeito.


Qual a virada de mesa para o abstêmio?

Reconhecer que tem uma necessidade, que sente falta do afeto, da companhia, da amizade ou da aventura. Aceitar integralmente aquilo de que necessita.


E por quê o abstêmio se recusa ao movimento de troca?

Porque queixa-se que, o que recebeu não foi o bastante, ou não lhe convinha, ou aponta os erros e limitações do doador. - E o resultado é o mesmo, abstêmios continuam passivos e esvaziados.


o segundo padrão, é:

- a PRESTIMOSIDADE - neste o sujeito prefere conservar a sensação de crédito, em vez de ser livremente presenteado, e diz: " - Antes você deva pra mim, do que eu a você."

Traz a ilusão de superioridade. Nesta postura se nega igualdade ao parceiro, e este não conseguindo retribuir, fica na culpa. O prestimoso vê no parceiro alguém que deva ser cuidado, guiado, é antes um pai, um professor que um amante. A mensagem que chega ao parceiro é de que "_ Você ainda não é capaz." Mesmo tendo a melhor das intenções, de ajuda, a relação com o prestimoso tende a ser de dependência.


A prestimosidade É A REJEIÇÃO AO PRÊMIO DA VIDA.

Vem deste conceito a "SÍNDROME DO PRESTIMOSO" - aquele que se recusa a receber.


Qual a virada de mesa para o prestimoso, então?

Saber que o outro perde sua dignidade quando não pode alcançar o que deseja por seu próprio mérito ou desforço, pelo fato de tudo lhe ser dado, ou veementemente facilitado, para não "correr o risco da queda". O outro por não poder retribuir "a altura" o prestimoso, mantem com ele uma relação de dependência financeira ou emocional, ou ambas.

Para o prestimoso, o sentimento não difere muito do sentido pelo abstêmio, não há reconhecimento, e o convencimento de sua "involuntária" solidão o afasta da necessidade de tomar (aceitar) do outro, algo que lhe faria feliz, seja sua companhia, sua presença, seu conhecimento, seus bens.


Interessante, que o próprio Saint-Exupéry confessa, ter representado, sob a imagem da rosa, a sua esposa Consuelo, lembrando de suas divergências, da separação e do seu amor continuado.


Diante das tão recorrentes relações desequilibradas na culpa e inocência, surge a pergunta: - Qual a forma mais satisfatória de encontrar a inocência nos relacionamentos, e o desejado equilíbrio?


Pelo terceiro padrão:

-A TROCA TOTAL -

Na verdade para a inocência, não importa apenas o equilíbrio entre o dar e receber, mas também o seu VOLUME.

O DAR E RECEBER EM LARGA ESCALA TRAZ CONSIGO UM SENTIMENTO DE ABUNDÂNCIA E FELICIDADE.

Ser doador e recebedor ao mesmo tempo.

Viver um fluxo de necessidade, ora doador, ora tomador, experienciando culpa e inocência, atingindo a SENSAÇÃO DE CONTENTAMENTO, para então, reiniciar esse fluxo. Não há falta, há troca.

Na troca total pressupõe-se a RECIPROCIDADE, desempenhando o dar e receber com O OUTRO. Porém, respeite seu limite, se do outro ainda não se pode ter a reciprocidade.


Também é necessário, num sentido simbólico, mas também emocional, pararmos de buscar a mãe - no outro -, "retomar o Paraíso uterino perdido", ou mesmo resgatar no parceiro, o pai do qual nos ressentimos pela falta.

Se o outro assumir ou for incumbido dessa inóspita tarefa de substituição, das duas uma, ou o que teremos não poderá ser um relacionamento amoroso adulto, pois o parceiro "ocupa o lugar" que não é dele, funcionando como reboco na fissura da parede, e não se sentirá reconhecido na relação; ou ele se vai, porque simplesmente não aguenta sustentar um lugar que exige muito dele na relação.


Auto conhecimento é a lição de casa mais importante quando, conscientemente, passamos a moldar relações amorosas mais equilibradas e volumosas, ou mesmo quando retomamos com o mesmo parceiro, descobrindo novas verdades para a relação.

Se francamente, nos vemos na relação como o abstêmio ou o prestimoso, e reconhecermos os padrões que nos levam a esse comportamento, seja a carência familiar, que, por defesa, não nos entregamos por completo a toda dor e a delícia de uma relação. Ou seja pelo desejo de oferecer muito ao parceiro para que, exatamente, não se reproduzam os efeitos sentidos pela ausência de um pai, ou pelo não acolhimento da mãe.

Podemos, agora, como adultos, SE O QUISERMOS, termos estratégias progressivas e graduais de mudança: o que mudar, como mudar. Trazer a ação. E a ação se dá pelo uso total da chamada potência psíquica, ou seja, trabalhar a vontade, com vontade.

Psicoterapia, terapia breve, religião, shiatsu, yoga, pintura, dança, circo, fazer o que se quer, deixar de fazer o que se odeia. Dar espaço ao outro, trazer o outro pra si. Tudo está valendo nesse trabalho da vontade.

Ainda, e o mais importante, viver o AMOR, alimentar o amor, ressignificar o amor, ninar o amor, despertar o amor..... pois, contentamento nos relacionamentos, semelhante alegria não cai do céu .


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Este texto teve por base a leitura do livro - A SIMETRIA OCULTA DO AMOR - de Bert Hellinger com Gunthard Weber e Hunter Beaumont - Ed Cultrix;

O ESOTERISMO DO PRINCEPEZINHO de Yves Monin - ed. Hugin

Youtube - Café Filosófico - Mudar - caminhos para a transformação - com Flavio Gikovate



A autora é formada em Direito - Universidade Estadual de Londrina

Facilitadora em Constelação Familiar em São Paulo/ capital e Londrina/Pr

Pós graduando em Constelações Familiares pela Hellinger Schulle

Youtube - Paula Tyminski




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