Faça algo de bom com isso.

Desde que começamos a tomar contato com as notícias da pandemia que se avizinhava no mundo, e com as recorrentes mortes provocadas pelo novo vírus, na China, na Europa, no Irã, e depois também no Brasil, Estados Unidos e em outros países, uma frase tem me tomado todos os dias.

Essa frase vem de Bert Hellinger. Em cada constelação familiar em que uma pessoa havia perdido sua mãe no parto, e que demonstrava querer seguí-la na morte, ou por uma doença, ou por uma expiação, não se permitindo ser feliz, ou por um fracasso profissional ou familiar, Bert fazia com que a pessoa olhasse sua mãe nos olhos e a visse, demoradamente, e dissesse a ela que a seguia na morte, "mãe eu sigo você"; e ainda levava um tempo até que a pessoa pudesse dizer a mãe que aceitava seu destino, pelo alto preço que ela havia pago, e que agora poderia deixá-la em paz, e então Hellinger dizia para a pessoa, diante do grande sacrifício de sua mãe, do preço pago com a própria vida, do seu lugar, pequeno, impotente diante de um destino tão desafiante: " FAÇA ALGO DE BOM COM ISSO."

Esta frase dita em um lugar de uma dor tão pessoal, creio que possa ser transportada para o cenário que vivemos na atualidade. Diante das inúmeras mortes provocadas nessa pandemia, podemos, nós expectadores desse cenário, fazer algo de bom com isso. Frente a essas vítimas, muitas das quais não tiveram nem chance de escolher pela prevenção ou pelo isolamento social, nós tomamos uma postura, humilde, e em honra a esses mortos.

Hoje, agora, daqui a diante, para a minha vida, para o meu futuro, seja comigo mesmo, com minha família, na minha comunidade, no trabalho eu escolho fazer algo de bom com isso.

Não tenho opinião pra dar sobre esse momento, e mesmo que quisesse trazer o que penso, seria precipitado, e acredito até desnecessário, me rendo ao momento atual, me curvo ao que é. Apenas me toma o sentido de olhar adiante, e do meu lugar fazer valer o sacrifício de tantos. Não só deste momento, como também, e com um sentido reavivado, dos meus próprios antepassados.