Anotações do Congresso de Direito Sistêmico em 10/08/2018
Há mais de um ano estas anotações estavam guardadas.
Relendo-as, vi que poderiam ser úteis a outras pessoas também, então as transcrevi no blog. Espero que acrescentem alguma compreensão.
Lá fora, dia 10 de agosto se apresentava como frio e seco, diferentemente da experiência calorosa e acolhedora que nos esperava na sala do Congresso de Direito Sistêmico.
Direito Sistêmico, termo ininteligível há vinte anos atrás, época em que me formei em Direito. Como tantos outros recém formados, eu tinha um sonho: promover conciliação ao conflito, real conciliação. Em parte conseguia a resolução formal, em parte os processos se desdobravam em dezenas de embargos, agravos, necessários dentro da legalidade, inoperantes para a real conciliação. Havia algo que ainda não sabia: além da polaridade, autor x réu, vítima x agressor, legal e não legal, o conflito estava e está inserido num ambiente sistêmico, ou seja, ele não existe apenas por si (como uma simples quebra de cláusula de contrato, por ex.) muitos fatores influenciam e são anteriores a sua eclosão, como a exclusão, a quebra de hierarquia, as lealdades invisíveis, a descompensação no dar e tomar, a alienação parental, entre tantos outros conceitos hoje introduzidos pelo D. Sistêmico.
Na introdução ao Congresso, Dr Sami Storch, juiz, pai do Direito Sistêmico inicia dizendo que não adianta criar uma cartilha para se seguir, as Constelações são vivências, necessárias para melhor compreender o conceito sistêmico dentro das relações. O conceito sistêmico já existia, com Bert Hellinger, se descobriu as Ordens do Amor e nas vivências de constelações Familiares se descobriram os EFEITOS que advém da violação destas LEIS. Pelos efeitos observados chegou-se nas leis que eram transgredidas.
Seguimos uma Consciência familiar - uma alma familiar, e realizamos certos atos, mesmo considerando sabendo-os errados. Uma ação contra sua própria vontade, como um vício ou uma violência - reincidindo num destino que já aconteceu na família, nos antepassados. A consciência individual se subordina e é leal à consciência familiar. Por isso, assistimos a tanta reincidências criminosas.
Aquilo que foi excluído numa família vem num evento futuro e "chama de volta", para que seja novamente reconectado, retomando o pertencimento. Ex: alienação parental, onde a mãe que fica sozinha, que cria os filhos, e passa a eles a imagem, mesmo sem saber que o faz, de que o homem é desnecessário - Contudo, o pai está presente no coração dos filhos - conscientemente estão com a mãe, mas inconscientemente estão com o pai - seguindo seu padrão - trazendo sintomas que mostram a falta , a ausência do afeto do pai. Procura o pai em outro lugar, por ex., no chefe da quadrilha, em outro caso, o "crack" diz: - "Comigo, você está bem." Isso é velado para o filho, pois parece ao filho que estará traindo a mãe, caso demonstre esta falta. Outro exemplo, é a filha sem a paternidade reconhecida, repete este evento quando adulta, tendo um companheiro que não reconhece a paternidade de seu filho.
Continua ainda, Dr. Sami: filho que não é bem sucedido, se sente maior que os pais.
Quem é enrolador é enrolado. E vai se responsabilizar por isso.
Na ação de Alimentos acumulados, dr. Sami tem o desejo de que o filho não seja mais o CREDOR, não seja parte. Não cabe ao filho exigir que o pai seja melhor. Assim entende também desvirtuada a ação de Indenização por Abandono Afetivo, pois exige dos pais o que eles não tem pra dar.
Segundo Bert Hellinger, dizer SIM aos pais - sim para que os pais são - assim como são. O crescimento também acontece pelo que os pais não deram aos filhos. " Eu recebi de outros o que não recebi de vocês.""Obrigada e agora sigo por mim."
Todos livros de Hellinger tratam de questões de Direito. O Direito Sistêmico traz a ênfase própria para os operadores de Direito.
Enfatiza que na Guarda de Filhos, muitos filhos assumem o lugar de mediador entre os pais, e que, muitos operadores d Direito tem essa profissão por causa desta vocação de ajudar nos conflitos da família. E se o pai dissesse: "Eu gostei muito da sua mãe. E ela me deu a pessoa mais importante da minha vida."
E se a mulher falasse para o marido na Ação de Alimentos: "Eu queria que você olhasse para mim e para meus problemas. Mas você foi um bom pai para nossos filhos."
Aquilo que os pais não querem fazer, os filhos fazem por eles. Enquanto os pais não olham para onde tem que olhar.
A solução é colocar em ORDEM
, a quem compete olhar isso são os pais. - eles tem força com este destino. Se os pais não fizerem, os filhos fazem por eles. Por isso, refletem algum sentimento ou alguma violência que não é deles. Um filho não pode se colocar nos lugares das dores da mãe. Não pode com isso. Ele fracassa.
A Constelação familiar MOVIMENTA algo na mãe e no pai - e isso leva AO PRÓXIMO PASSO, à desconexão - e a ordenação. " A dor é minha." - "Tomo, me responsabilizo." - E esse movimento gera efeitos nos outros membros do sistema.