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As moedas emocionais que ainda procuro

Num dos seminários realizados por Sophie Hellinger, em que participei, ela trouxe a imagem de que a criança começa a se distanciar de seus pais quando começa a comparação, geralmente quando se inicia a fase escolar, compara o que ela própria veste e o que seus colegas vestem, o que trazem de lanche, como descrevem seus pais, etc. Sophie lembrou-se de avistar uma mãe e seus pequenos filhos na Av. Paulista, em São Paulo, descalços, roupas sujas, sentados na calçada, brincando, enquanto sua mãe vendia artesanatos de sua terra natal. As crianças estavam felizes. Nada aparentava os perturbar. Estar ao lado da mãe parecia ser o único lugar que quisessem estar. E estava certo. É o amor. É a inocência. Uma parceria poderosa. Ninguém poderia, não mesmo! Afirmar que diante dessa cena de rua, poderia se prospectar o pior dos destinos a essas crianças.

Assim como aconteceu a essas crianças, da relação que estabelecemos, ao nascer, com os nossos pais, todos recebemos "as moedas", como precisamente, o escritor Joan Garriga na historia abaixo coloca, e garanto (já dando um spoiler , rsrs) a grande sacada é não ver de que material, metal ou substância são feitas essas moedas....vamos a história....

"Numa noite qualquer, uma pessoa, da qual não sabemos se é um homem ou uma mulher, teve um sonho, um sonho com os pais.

Neste sonho seus pais apareciam e lhe davam algumas moedas, não sabemos quantas eram, se uma dúzia ou uma centena, nem de que metal eram feitas, se eram de ouro, de prata, de cobre, de ferro ou mesmo de argila.

O sonhador as recebia de bom grado porque eram as moedas que seus pais lhe davam, eram as exatas que necessitava e merecia, para levar sua vida. Satisfeito agradeceu aos pais pelas moedas recebidas tomando-as por inteiro.

E o sonhador (a) termina a noite de sono tranquilo (a), descansado e pleno. Ao amanhecer, desperta bem disposto e resoluto em ir à casa dos pais para comentar o sonho e agradecer as moedas recebidas.

Indo até os pais, comenta o sonho e agradece as moedas recebidas, em profunda gratidão. Seus pais, vendo a atitude do filho (a), sentem-se grandes, ainda maiores e mais bondosos do que haviam sido e orgulhosos do filho (a). Dizem-lhe então:

- Estas moedas são para você, use-as como quiser e não precisa devolvê-las, são nossa herança para você.

E este filho (a) segue seu caminho satisfeito e pleno, capaz de enfrentar e vencer qualquer desafio, com a certeza de haver recebido as exatas moedas que necessitava e merecia de seus pais, suficientes para empreender sua caminhada. De tempos em tempos volta-se para trás, em direção à casa dos pais, e sente-se revigorado e pleno para seguir e realizar sua vida.

Acontece, que em outra noite qualquer, um outro sonhador (a) tem um sonho parecido, que costuma acontecer com qualquer um de nós, mais cedo ou mais tarde, de ter um sonho com os pais. Neste sonho, o sonhador (a) recebe dos seus pais algumas moedas, que não sabemos se uma dúzia, uma centena ou apenas umas tantas, nem de que metal eram feitas, se de ouro, de prata, de cobre, de ferro ou mesmo de argila.

Mas este sonhador não aceita as moedas dos pais.

- Estas não são as moedas que necessito, preciso e mereço, por isto não as tomo e deixo-as com vocês. Se eu as tomasse minha vida se tornaria pesada e, portanto, fiquem com elas.

E este sonhador (a) segue pela noite intranquilo, com o sono entrecortado e desperta muito cedo, cansado e ansioso por ir até a casa dos pais, contar-lhes a respeito do sonho.

Lá chegando, diz aos pais sobre o sonho e que aquelas moedas não lhe interessam, que aquilo que eles tinham para ele não eram as moedas que ele (a) necessita e merece, deixando-as portanto com eles.

Os pais ouvindo isto tornam - se ainda menores, humilhados, como costuma acontecer quando um filho (a) não toma seus pais, seus ensinamentos e sua herança, tal como foi; e retiram-se para seu quarto.

E este (a) sonhador (a), tomado de uma estranha força, sente-se fortalecido e vingado, havendo acertado as contas com seus pais, e sai para a vida decidido a encontrar suas moedas, as que justo necessita e merece. Com alguém elas devem estar.

E tomado por esta força, estranhamente falsa, vai pela vida em busca de parceira (o), procurando pelas moedas que necessita e crê poderem estar com ela (ele). Às vezes tem a sorte de encontrar alguém e mais sorte ainda desta relação durar algum tempo.

Quando isto ocorre, com o passar do tempo o sonhador (a) percebe que sua (seu) parceira (o) não tem as moedas que necessita e merece, e o relacionamento perde todo seu encanto, ficando para trás. E o sonhador (a) segue em busca de outra pessoa que talvez, desta vez, tenha as suas moedas.

E de relacionamento em relacionamento, segue em busca de suas moedas e desencantos, porque nenhum deles tem as moedas que necessita e merece.

Outras vezes, o sonhador (a) tem um filho (a) e, ao engravidar, cria a forte expectativa de que este filho (a) terá as moedas que necessita e merece, e o (a) aguarda ansioso (a) e cheio (a) de esperanças. Mas a vida é como é; os filhos crescem e seguem seus próprios caminhos, e tampouco eles têm as moedas que o pai ou a mãe procuram.

E nesta busca incessante, o tempo vai passando até que o desespero toma conta: onde estarão minhas moedas, justo as que necessito e mereço para levar minha vida.

Então, algumas vezes, vão a busca de um terapeuta, na certeza de que eles sim saberão das moedas.

Mas há dois tipos de terapeutas: um que acredita que tem as moedas que seu cliente procura; e outro que sabe que não as tem, mas está disposto a ajuda-lo a procura-las.

Quando tem a sorte ou a sabedoria de encontrar este segundo tipo de terapeuta, dá-se início a um processo de autoconsciência e aprendizado, aonde o sonhador (a) vai percebendo aspectos antes ignorados, apropriando-se de sua própria vida, pouco a pouco.

Até que num belo dia o terapeuta se dá conta de que o sonhador (a) já está pronto para saber onde estão suas moedas. E neste mesmo dia, não apenas por coincidência, o sonhador (a) vem para a terapia e diz:

- Eu já sei onde estão as moedas. Ainda estão com os meus pais.

E resoluto (a), empreende o retorno à casa dos pais, em busca das justas moedas que necessita e merece.

Chegando à casa dos pais, arrependido (a) e amadurecido (a), toma-os por inteiro, tal como foi, aceitando feliz e de bom grado as moedas que eles tem para si, exatamente as que precisa, necessita e merece para levar sua vida em plenitude.

E seus pais, reconhecidos e aceitos inteiramente pelo filho (a), tornam-se ainda maiores, mais dignos e responsáveis, podendo ser ainda mais generosos. E assim, o sonhador (a) encontra seus caminhos, com a fortaleza da herança dos pais: agradecendo a vida recebida; dizendo sim a tudo, tal como foi, libertando-se de todas as mágoas, deixando as responsabilidades com quem de direito; e tomando sua própria vida em suas mãos, com a benção de seus pais, para que, agora possa buscar sua felicidade."

Cada filho toma pra si um pai, uma mãe, sob uma perspectiva. Toma as moedas que vem deles, toma sua herança. Muitas vezes, se vê satisfeito com que lhe foi dado, e daí, com aprendizado e forja da maturidade, segue, não olha pra trás. Não retoma a casa paterna, para REIVINDICAR outras moedas.

Outrossim, aquele que não aceita sua herança, o quinhão que lhe cabe, sentir-se-á um credor.

E, em relacionamentos subsequentes tenderá a cobrar as moedas que se sente no direito de receber. mas são as MOEDAS EMOCIONAIS que ele procura, que trazem a cotação onerada pela carência, pela falta, pela ausência. E este encargo emocional, muitas vezes, é cobrado de terceiros, mesmo quando não temos consciência disto, inflacionando as relação, subjugando o parceiro, machucando o filho. Esse pedido é muito grande pra eles, acabamos por não nos saciar do que vem dessas relações. Queremos mais.

A imagem deste credor insaciável é daquele QUE OLHA PRA TRÁS, olha para os pais, e seu futuro está nas suas costas, impotente, a espera, de que finalmente, o sujeito se envergue de vez, e TOME SUA VIDA EM SUAS MÃOS.

Se olho para meus pais, mesmo a contragosto, afinal, ainda desconheço a sensação de liberdade que me aguarda, e digo:

_TUDO QUE ME FOI DADO, FOI SUFICIENTE. DAQUI EU SIGO SOZINHO. EU ME RESPONSABILIZO.

E aqui é a virada de mesa, quando afirmo que me responsabilizo, por quem? POR MIM. Este é o ponto essencial. Tenho os pais atras de mim, o pai a direita e a mãe a esquerda, assim como são, os grandes, seus assuntos são seus assuntos. E eu fico no meu lugar. É o bastante. Não reivindico mais nada. Retribuo a meus filhos, a sociedade, e a meus pais se assim precisarem, o que eles me transmitiram, e posso fazer de um novo jeito. Do meu.

Passo adiante então, as minhas moedas.

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Autora - Rita Paula Tyminski Xavier

Formada em Direito

Master em PNL, facilitadora em Constelação Familiar

Pós graduando na Hellinger Schule, em Constelações Familiares

Atende em São Paulo, capital e em Londrina - Pr

email - ritapaulatym@yahoo.com.br

youtube - Paula Tyminski

Referência

Joan Garriga Baccardi - Livro - Onde estão as moedas

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